Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2016

Curte, comenta e compartilha

Vivemos em um tempo no qual estar monitorado, observado, postado e compartilhado é um fato cotidiano. Fotos, vídeos, postagens, palavras e sentimentos se espalham pelas redes sociais cada vez mais, do modo que se replicam cada vez menos no plano real. No plano virtual temos pensamentos positivos e grandiosos, fotos com olhos brilhantes e efeitos vintage, sorrisos e histórias graciosas de nossos filhos lindos e cheios de charme. Comparilhamos autores e seus  (possíveis) dizeres reflexivos. Passado o compartilhar nosso de cada dia, o que somos nós? Por quantos segundo somos de fato atravessados por aqueles sentimentos que compartilhamos? Observo nas apresentações escolares que é enorme (praticamente absoluta) a quantidade de mães e pais a filmar e fotografar aquele evento. Penso se aqueles pais e mães realmente conseguem ver o que está acontecendo, se conseguem permitir-se tocar, sentir aquele momento, enquanto equilibram suas câmeras na posição correta e sem poder treme...

Modernos, modernices e super geniais

Meu pai tinha ótimas histórias e uma das minhas favoritas era sobre ele, a televisão e sua avó Julieta. Lá pelo início dos anos 70, contava meu pai, que quando chegava em casa, sua avó (uma senhora nascida em 1899) fazia uma grande festa: “-Ai, que bom que você chegou! Só você para conseguir fazer esse televisor funcionar direito!”. E lá ia meu pai colocar esponja de aço na antena e celofane colorido na tela. Minha bisa então olhava para ele cheia de orgulho pensando em como ele era incrível de saber mexer naquela engenhoca tão moderna. Anos depois, lá pelos anos 90, meu pai chamava por mim e minha irmã para programar as gravações no impossível videocassete. Mais alguns anos, celulares e computadores teimavam em desafiar a capacidade de ajustes tecnológicos de meu pai.  E a cada vez que isso acontecia, ele repetia a história dele, sua avó e o televisor e dizia sorridente e em tom irônico: “-E pensar que um dia eu fui a pessoa mais moderna da minha casa!” Agora, nos anos de 2010...

Recalculando a rota

No cotidiano exercício da maternidade/ paternidade não nos damos conta que estamos construindo uma relação eterna com outro ser. Amor está no centro da maioria das relações, mas o estranhamento também é um companheiro fiel desta caminhada rumo à eternidade. Os pequenos crescem rápido. Em dois anos já dizem não, em seis escrevem e leem as palavras, aos nove discordam de nossas verdades, aos doze adoram os amigos tanto quanto a nós, aos dezesseis amam a um outro ser mais do que poderíamos imaginar ser possível, aos dezoito passam dias e noites por ali e acolá, enquanto esperamos por aqui e pensamos: Foi tudo tão rápido! Tudo parece muito automático no dia-a-dia e muitas vezes não percebemos que nossas atitudes diante dos pequenos e do mundo estão construindo a forma como manteremos em esta relação ao longo dos anos, o nosso próprio “felizes para sempre”. Refletir em como desejamos nos relacionar com os pequenos quando eles forem maiores e maiores é um bom termômetro para pen...

Um, dois, três, muitos

Um dia um amigo que viveu por uns tempos com os índios me contou sobre o idioma de uma das aldeias e fiquei encantada.  Dizia ele que para contagens a tribo usava 1, 2, 3 e muitos. Sim, passado de três eram muitos. A mesma lógica era usada para as palavras, que em uma série de representação usava-se a mesma, como vermelho, sol e outras coisas que não me lembro mais. Eu sempre fiquei encantada com essa história que coloca a simplicidade como figura principal na conversa. Gastamos tanto tempo rebuscando as coisas que pensamos e acabamos muitas vezes sem conseguir dizer. Falamos, falamos, falamos, e vamos nos afastando do que desejávamos realmente dizer. Gastamos centenas de palavras e não conseguimos dizer que estamos tristes, que desejamos tal coisa, que queremos aquilo, que precisamos daquilo outro. Simplicidade nas palavras, no encontro, nas brincadeiras, no programa que fazemos. O passeio na praça, olhar a lua, apontar estrela e fazer pedido, comer...

Shiiiii...e os silêncios

Nada. Nenhum barulho. Silêncio. Silêncio de dentro e de fora da gente. Parece que nunca mais viveremos a deliciosa sensação do silêncio, ou pelo menos aquela alegria de estar no banho e ninguém abrir a porta ou ficar batendo sem parar como se o mundo estivesse acabando: -Mãe! Mãe! Mãe! - O que é? Seja qual for a resposta, tenho a certeza de que o mundo não estava acabando e aquela alegria de silêncio por 2 minutos, já era! O barulho acompanha as rotinas: sons de brinquedos barulhentos, o desenho animado na televisão, o choro, a panela de pressão, os carros lá fora, a vizinha, as mil e quinhentas vezes que o pequeno chama. E mesmo quando o barulho não vem de fora, a sensação é de que o tem muito barulho dentro. O tempo inteiro alguma coisa vem à cabeça e fica “barulhando”: precisa comprar fruta, marcar dentista, comprar remédio, lembrar de escrever na agenda, preparar a lista de aniversário. O barulho de fora e de dentro, sem parar. A maternidade/paternidade traz uma ...

Quem manda aqui sou eu!

Acho que toda vez que esta frase precisa ser usada a coisa vai mal, mas vamos começar essa conversa do começo. Lá está você quando de repente o pequeno via daqui, enche  paciência de lá, mexe no que não deve, fura todos os acordos e começa aquela confusão. É a criança respondendo daqui, você respondendo dali, e a criança fala, você responde, a confusão está daquele jeito e você apela: Quem manda aqui sou eu! Lamento informar, mas neste momento você não está mais mandando em nada, nadinha. Por mais que as crianças hoje pareçam muito evoluídas em alguns assuntos, ainda estão em formação, e seus sentimentos e a forma como compreendem o mundo também estão em formação. Tente explicar para a criança como você se sente, que a forma como está falando te deixa triste, fale sobre os seus desejos e sentimentos também, diga que está cansado, que trabalhou e seu corpo precisa de descanso, que você desejava não ter que brigar nem com ele/a nem com ninguém, que também deseja receber am...

Ufa!

A sensação é que já acordamos devendo. Devemos uma hora na pracinha, dez minutos de conversa com a professora do pequeno, meia hora de café com a melhor amiga, quinze minutos de telefone com a mãe, duas horas de academia, um bendito relatório para o trabalho, uns minutinhos com seu amor, unha, cabelo, mercado. Não é que “parece” haver muita coisa a fazer, de fato há muita coisa a fazer! A cada dia que passa a sensação é que as horas diminuem e com elas sua lista de dívidas só aumenta: chefe, escola, academia, sua mãe. Ai, que vontade de gritar! Vou dizer uma coisa que vai parecer dura, mas na verdade você já sabe: você não vai dar conta de tudo! Respira fundo e eu digo de novo: você não vai dar conta de tudo, mas está tudo bem. Na verdade ninguém dá conta de tudo, tudo, tudo. Na vida adulta precisamos fazer escolhas. Fazer escolhas significa que deixaremos de fazer algumas coisas, no entanto é importante atentar para COMO fazemos as nossas escolhas, o que priorizamos...

Bater ou não bater: eis a questão.

Não bater. Não se bate em amigo, não se bate nas pessoas, nem se batem portas de casa, de carro, nem de geladeiras. Não. Não podemos também fingir que isso não acontece ou que tenha deixado de ser prática comum. Bater em filhos parece a forma mais rápida de evitar que permaneçam fazendo algo errado. Mas depois de bater é necessário encarar o pequeno te olhando lá debaixo com cara de susto, os olhos molhados, o choro, a raiva e os gritos que podem vir depois. Sempre acho que depois de bater aparece outro problema para resolver, então nunca acho que bater soluciona , porque acaba apresentando uma nova coisa que precisa ser resolvida e isso vira um ciclo sem fim de tristeza, raiva e frustração: na mãe/pai e no filho. Quando estamos na vida, lá fora de casa, nas nossas relações externas aos filhos, exercitando nossa paciência com um monte de coisas e algo nos aborrece, o que fazemos? O que você faz quando alguém não faz o que você quer? Cada pessoa tem uma forma diferente de vive...

Agora não, filho/a!

Escuto de muitas mães e pais sobre a dificuldade em dar limites a seus filhos e sempre me questiono se a única dificuldade é dar limites aos pequenos, ou se temos dificuldades em dar limites aos outros de um modo geral. Oferecer limites às pessoas que nos cercam é uma das atitudes mais difíceis da vida, principalmente em relações afetivas: pais, filhos, amores, amigos. Dar limites é informar ao outro até onde estamos dispostos a ir ou até onde permitimos que o outro avance. É o “nosso quadrado”, nosso contorno. É difícil olhar para quem gostamos e dizer que não queremos. Que não queremos opinião. Que não queremos sair. Que não queremos ouvir grosserias. Que não queremos receber o que o outro deseja nos dar, ainda que esteja muito interessado em nos oferecer. Agora não,  querido amigo. Agora não,  querido chefe. Agora não,  querido amor. Agora não,  querido filho. Dizer “não” não é uma grosseria. Dizer “não” é parte das relações entre as pessoas. ...

Vamos brincar?

Aqui entre nós, ouvir esta pergunta muitas vezes nos faz gelar.  Estamos cansados, exaustos, mortos com farofa e aquele pequeno ser olha para nós cheio de alegria e com seus os olhos brilhantes diz:  - Vamos brincar?  Só de pensar em Barbies, bonecas, carros, bolas, giz de cera, temos vontade de gritar!  Já mal lembramos como é brincar e aquela coisa e ninar boneca, vrummmde carrinho, bola prá lá e pra cá, parece entediante só de imaginar.  Queremos deixar o pequeno feliz, mas não assamos de cinco, talvez dez minutos realmente na brincadeira.  Sim! Não passa de dez minutos e o celular vibrou, ou está passando o seu programa favorito, ou a panela ferveu, ou o cachorro latiu, ou qualquer coisa acontece, sua concentração acaba e já era! Não. Você não é a pior mãe/pai do mundo por causa disso. Mas, talvez, quem sabe se vocês criarem algo que agrade aos dois? Que tal?  Eu sei que pensando assim parece meio estr...