Nada. Nenhum barulho. Silêncio. Silêncio de dentro e de fora da gente.
Parece que nunca mais viveremos a deliciosa sensação do silêncio, ou pelo menos aquela alegria de estar no banho e ninguém abrir a porta ou ficar batendo sem parar como se o mundo estivesse acabando:
-Mãe! Mãe! Mãe!
- O que é?
Seja qual for a resposta, tenho a certeza de que o mundo não estava acabando e aquela alegria de silêncio por 2 minutos, já era!
O barulho acompanha as rotinas: sons de brinquedos barulhentos, o desenho animado na televisão, o choro, a panela de pressão, os carros lá fora, a vizinha, as mil e quinhentas vezes que o pequeno chama.
E mesmo quando o barulho não vem de fora, a sensação é de que o tem muito barulho dentro. O tempo inteiro alguma coisa vem à cabeça e fica “barulhando”: precisa comprar fruta, marcar dentista, comprar remédio, lembrar de escrever na agenda, preparar a lista de aniversário.
O barulho de fora e de dentro, sem parar.
A maternidade/paternidade traz uma nova noção de tempo para a vida de quem se aventura por ela, mas ninguém se prepara para isso.
E se é novo o significado de tempo, é novo também o que significa silêncio, e, claro, precisará ser novo também o modo como lidamos com ele.
Certa vez, uma grande amiga me visitou e conversávamos em meio ao barulho constante da vida com pequenos: duas crianças, televisão ligada com desenhos, montes de brinquedos e nós duas trocando ideias sobre a vida por horas e horas. Respondíamos às demandas das crianças, respondíamos às perguntas que fazíamos uma à outra, preparamos comida, demos comida, banho, brincamos e passamos horas nos encontrando (de verdade) em meio aquele silêncio barulhento que nos cercava.
Em outra oportunidade, com outra amiga muito querida, uma cena semelhante, aquele silêncio barulhento de sempre e a conversa era mais difícil: ela não tinha um silêncio barulhento.
O tempo vai passando, os pequenos crescem e o barulho fica menor fora, mas cresce muito dentro, e aprender a lidar com este “silêncio barulhento” é um desafio que precisamos encarar.
Outro desafio será encontrar tempo e lugar para um “silêncio só seu”. O silêncio não será mais o mesmo, nem você, e descobrir novas forma para este encontro pode ser uma grande conquista. Você topa?
Aquele abraço,
Por Laura Cristina Ferreira
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