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Mostrando postagens de 2017

Gravidez e Adolescência? Putz!

A gravidez na adolescência, como toda gravidez não planejada, coloca a mulher diante de questionamentos, angústias e sofrimento. Considerando o caso de mulheres adolescentes, o sofrimento se mistura ao grande medo dos pais, o desespero de ver seus sonhos desabarem, a incerteza de seu futuro estudantil, vergonha. A adolescência é a fase do novo: novas dores, novos rumos, novos parceiros, novas parcerias, novos amigos, novos encontros, novos caminhos, além de descobertas, inovação, coragem e amores.  Durante a adolescência os pais (e muito adultos) se tornam completos estranhos para seus filhos. Os filhos também tornam-se completos estranhos a seus pais. Se toda gravidez não planejada é potencial causadora de sofrimento, por que a gravidez na adolescência é tão alarmante? Diferente de qualquer outro momento da vida, quando sozinha poderá decidir sobre si, na adolescência a mulher precisará dos adultos a sua volta para cuidar de si e do seu filho. Assim, ainda que seja uma ...

O que você quer saber de verdade?

E todo dia é a mesma coisa: uma chegada, um beijo na testa do pequeno que está sentado no sofá, você cansado/a, as perguntas de sempre: Tudo bem? Como foi na escola?, você caminha para cozinha ou para o quarto e segue em frente enquanto ouve ao fundo a resposta de sempre: tudo. A pergunta sai, mas os olhares não se encontram. E quantas perguntas saem assim na nossa vida? Quantas coisas que perguntamos e não ouvimos as respostas? Quantas perguntas fazemos sem querer saber a resposta? E quantas coisas que desejamos saber e não perguntamos? Você já parou para pensar sobre o que quer saber de verdade? A cada dia a criança aprende uma quantidade imensa de coisas, muito, muito maior do que os adultos são capazes de aprender. Isso acontece porque elas estão juntando histórias e saberes que as ajudarão a viver melhor e serem mais felizes (adultos bem bacanas continuam juntando saberes e histórias, mas isso é uma outra conversa). Assim, cada experiência vivida é uma parte do que o pequ...

Pedaços, piercings e ganchos

E foi assim, em junho, num dia bem bonito de sol e temperatura amena, que ela me decepcionou pela primeira vez. Nunca havia sentido aquilo olhando para aqueles olhos. Senti uma irritação enorme. Ela havia me enganado, furado todos os nossos acordos. Ela tinha me passado a perna. Ela estava mentindo de novo. Dei chances, acreditei, confiei e ela me traiu. Olhava para ela e falava cada vez mais alto. Não era apenas a minha voz que se exaltava, meu corpo estava enraivecido. Sentia raiva ao falar, sentia raiva nas minhas mãos. Eu disse mil vezes que não era para fazer, ensinei e construí novos jeitos de realizar. Era assim no amor eu pensava. Pensava, no passado. Agora me sentia tola, enganada, idiota. Senti por alguns instantes que meu coração batia sem o amor de sempre. Foi estranho. Foi doloroso. Nunca havia sentido meu coração tocar daquele modo. Gritei. Falei. Calei. De tempos em tempos ela vinha. Puxava assuntos, falava da vida, das coisas do mundo. Eu respondia às vezes, esta...

Uma casa de ficagem

Daqui a vinte anos estarei eu com quase 60 anos.  Quero receber meus amigos em casa e poder servir a todos boa comida e boa conversa. Espero que entre os meus amigos de hoje tenham brotado outros tantos novos amigos com os quais me alegrarei de compartilhar a vida e o tempo. Espero que os velhos estejam por perto e os novos também. E espero que troquem muito: sabedorias por novidades, histórias por novas ideias, saudades por vontades. E que troquem tudo com sorrisos, gargalhadas e carinhos. Espero ter saúde e estar de certa forma bela. Ainda que já não mais moça, mas bela ainda. Bela pelas ideias que terei na cabeça, amor e cuidado que trocarei dia após dia, experiências e histórias que terei somado. Espero ter reunido algumas boas histórias e espero repeti-las de tempos em tempos, garantindo que meus amigos nunca se esqueçam e possam conta-las para além de mim. Espero ter cicatrizes e rugas que mostrem que eu vivi bastante e que fui descuidada com o sol, com as aplica...

Bruxas, espelhos e cia

Pais e mães trabalham, estudam, assistem séries, filmes ou televisão, usam celulares e similares durante muito tempo, leem, dormem, fazem academia, respiram e, entre uma coisa e outra, cuidam, beijam, abraçam e curtem seus filhos e filhas. O tempo é escasso na vida de quase todo ser humano e isso significa que, por mais que se cuide da qualidade do tempo de estar com os pequenos, o tic tac é limitado, e nesse pouco ainda aparece mais alguém para dividir o pouco tic tac que sobrava. Para a criança, ainda que seja você a fada madrinha, não importa o tamanho da sua boa vontade ou o tamanho do amor que sinta pelo pai ou mãe dela ou ainda suas boas intenções, nada importa, nessa história, você está sobrando. Não entenda que é pessoal, a criança está experimentando sensações dolorosas e o novo amor da mãe ou do pai representa isso. Um completo desconhecido chegou e quer dividir (ou roubar) o tempo e o coração do pai ou da mãe com ela. Isso é sofrido. Ao recém-chegado/a, resta ter ...

Com tempo para problemas

Mil canais de desenho 24 horas por dia, uma centena de jogos on-line, Youtube à disposição com toda e qualquer coisa que se possa imaginar, Google descobrindo e informando até mesmo o que não gostaríamos de saber, mensagens instantâneas.   Parece que alteramos a lógica do tempo e me pergunto se ainda sabemos esperar. Em tempos de tanto à disposição parece um absurdo não querer nada, e vamos nos obrigando a fazer coisas e mais coisas que não necessariamente têm sentido. Corremos para ler e-mails e mensagens, para responder demandas, para postar fotos em redes sociais. Corremos para cursos de atualização, acessar novas informações e diminuir a eterna sensação de “estou devendo”. Quando eu era pequena, as histórias de “homem do saco” assustavam às crianças. Acho que o “homem do Google” me assusta hoje muito mais do que seu concorrente dos anos 80. Em tempos de “homem do saco”, quando em rodas de amigos e desejávamos lembrar de uma música, ficávamos todos juntos, juntando peda...

Sobre ter (muitos) medos e ainda ser a mãe/pai

Medo de altura, de barata, de rato, de sapo, de assalto. Medo de não ter dinheiro, de perder o emprego, de morrer de repente, de não ser boa/bom o suficiente. Medo de surtar, de perder o controle, medo de não querer parar mais de gritar.  Medo de todo mundo descobrir que você tem um medo danado de tantas coisas e que sua vontade (muitas vezes) é voltar para a saia da mãe (a sua) e ficar lá por mais uns 30 anos ou pelo menos uns 30 minutos. O mundo está corrido mesmo. Existem muitas coisas muito malucas acontecendo mesmo. O medo que a gente sente é medo mesmo e se não falarmos sobre ele teremos cada vez mais medo, e nos sentiremos cada vez mais fracos e sozinhos. Ser responsável por alguém é uma coisa imensa, tão imensa que só é possível entender quando somos, de fato, responsáveis por alguém.   E de repente não estamos mais sozinhos para encarar as consequências de nossas atitudes, e aí bate um medo de mudar de emprego, de apostar num sonho, de mandar o chefe para o...

Meus heróis, fada-madrinha e cia

Quantos bons encontros podemos ter durante a vida? E se os melhores encontros das nossas vidas forem compartilhados com os pequenos? Amigos, amigas, namorados, namoradas, tias, tios, primos, primas, dindas, dindos, são parceiros e parceiras que ajudam nossa caminhada pela vida e enriquecem as nossas possibilidades de construir uma maternidade/paternidade mais rica, mais aberta, mais consciente, mais feliz. Nossos parceiros de caminhada são as fadas-madrinha dos pequenos. São os outros adultos que cercam a vida deles e ampliarão as formas com enxergam e pensam a vida. Cada tio/tia que chega para a vida do pequeno traz consigo um monte de histórias, um monte de saberes, um monte de amor em formato inédito para aquele pequeno e esse aprendizado será parte de todas as memórias que formarão as bases de suas vidas, que nortearão a forma como o pequeno vai crescer e viver no mundo. Os pequenos crescem e nesse processo de crescer precisarão de apoio para entender melhor o mundo a ...