E foi assim, em junho, num dia bem bonito de sol e temperatura amena, que ela me decepcionou pela primeira vez.Nunca havia sentido aquilo olhando para aqueles olhos.Senti uma irritação enorme. Ela havia me enganado, furado todos os nossos acordos. Ela tinha me passado a perna. Ela estava mentindo de novo.
Dei chances, acreditei, confiei e ela me traiu. Olhava para ela e falava cada vez mais alto. Não era apenas a minha voz que se exaltava, meu corpo estava enraivecido. Sentia raiva ao falar, sentia raiva nas minhas mãos.
Eu disse mil vezes que não era para fazer, ensinei e construí novos jeitos de realizar. Era assim no amor eu pensava. Pensava, no passado. Agora me sentia tola, enganada, idiota.
Senti por alguns instantes que meu coração batia sem o amor de sempre. Foi estranho. Foi doloroso. Nunca havia sentido meu coração tocar daquele modo.
Gritei. Falei. Calei.
De tempos em tempos ela vinha. Puxava assuntos, falava da vida, das coisas do mundo. Eu respondia às vezes, estava sofrendo. Estava decepcionada com ela pela primeira vez. Eu não sabia como era sentir isso no meio de tanto amor.
É uma dor estranha, meio do lado do coração, entende?
Passei uma tarde toda sentindo e tentando entender isso. Não cabia dor no coração, porque meu coração é dela e transborda de amor. A dor que veio ficou meio pendurada, como um gancho, que furou um pedacinho e fica doendo, e doendo e doendo.
É claro que o buraquinho do gancho é muito menor que o amor todo, mas o gancho dói. O amor não. Amor não dói. Dizem que amor cura as coisas. Bem, eu digo também: amor cura, tem que curar.
E foi assim, com o amor do coração começando a cicatrizar as dores, que me abri para um abraço.
Não era um abraço como todos os outros, era um abraço de cicatrização. Foi um abraço mais difícil que os de ontem ou da semana passada. Esse abraço precisou ser mais cuidadoso, ser melhor e maior, pois precisava acomodar não só o amor de sempre, mas também um coração machucado que começava a cicatrizar.
Ela veio como quem sabia exatamente o que estava fazendo. Abraçou grande, com carinho e cuidado, acomodou a cabeça no meu colo devagar e ficou escutando meu coração cicatrizar. Ficou ali um tempo. Chorou. Eu chorei. Ficamos um tempo ali, nem sei quanto.
Terminamos o abraço e nos olhamos nos olhos. Lembramos que estamos para sempre juntas e que podemos sempre consertar as coisas.
Combinamos ajustes. Ela pediu ajuda, eu me comprometi a dar (sempre). Ela pediu desculpas, eu aceitei (sempre). Ela entendeu o que fez e porque eu estava decepcionada. E depois chorou. Eu a abracei.
Sentamos juntas. Conversamos um pouco sobre qualquer coisa. Chegou a hora de dormir e ela foi sem precisar de aviso. De lá me chamou e pediu para a cobrir e para ganhar um beijo. Levou os dois e mais um beijo extra.
A chuva caiu e eu resolvi escrever. Encontrei no teclado do computador uma foto dela com um bilhete de amor. E foi assim, com beijo e coberta, que hoje dorme meu coração de mãe com seu primeiro gancho pendurado.
Sabemos, eu e meu coração, que serão muitos dias como esse. Somos pessoas, estamos na vida e não há como andar e crescer sem ferir ninguém, por mais que tentemos.
Pretendemos, eu e meu coração, transformar em belos brincos e piercings os ganchos que recebermos.
São inevitáveis as decepções, mas o que fazemos com elas é da nossa conta (sempre).
Aquele abraço,
Laura Ferreira
E foi assim, em junho, num dia bem bonito de sol e temperatura amena, que ela me decepcionou pela primeira vez.Nunca havia sentido aquilo olhando para aqueles olhos.Senti uma irritação enorme. Ela havia me enganado, furado todos os nossos acordos. Ela tinha me passado a perna. Ela estava mentindo de novo.
Dei chances, acreditei, confiei e ela me traiu. Olhava para ela e falava cada vez mais alto. Não era apenas a minha voz que se exaltava, meu corpo estava enraivecido. Sentia raiva ao falar, sentia raiva nas minhas mãos.
Eu disse mil vezes que não era para fazer, ensinei e construí novos jeitos de realizar. Era assim no amor eu pensava. Pensava, no passado. Agora me sentia tola, enganada, idiota.
Senti por alguns instantes que meu coração batia sem o amor de sempre. Foi estranho. Foi doloroso. Nunca havia sentido meu coração tocar daquele modo.
Gritei. Falei. Calei.
De tempos em tempos ela vinha. Puxava assuntos, falava da vida, das coisas do mundo. Eu respondia às vezes, estava sofrendo. Estava decepcionada com ela pela primeira vez. Eu não sabia como era sentir isso no meio de tanto amor.
É uma dor estranha, meio do lado do coração, entende?
Passei uma tarde toda sentindo e tentando entender isso. Não cabia dor no coração, porque meu coração é dela e transborda de amor. A dor que veio ficou meio pendurada, como um gancho, que furou um pedacinho e fica doendo, e doendo e doendo.
É claro que o buraquinho do gancho é muito menor que o amor todo, mas o gancho dói. O amor não. Amor não dói. Dizem que amor cura as coisas. Bem, eu digo também: amor cura, tem que curar.
E foi assim, com o amor do coração começando a cicatrizar as dores, que me abri para um abraço.
Não era um abraço como todos os outros, era um abraço de cicatrização. Foi um abraço mais difícil que os de ontem ou da semana passada. Esse abraço precisou ser mais cuidadoso, ser melhor e maior, pois precisava acomodar não só o amor de sempre, mas também um coração machucado que começava a cicatrizar.
Ela veio como quem sabia exatamente o que estava fazendo. Abraçou grande, com carinho e cuidado, acomodou a cabeça no meu colo devagar e ficou escutando meu coração cicatrizar. Ficou ali um tempo. Chorou. Eu chorei. Ficamos um tempo ali, nem sei quanto.
Terminamos o abraço e nos olhamos nos olhos. Lembramos que estamos para sempre juntas e que podemos sempre consertar as coisas.
Combinamos ajustes. Ela pediu ajuda, eu me comprometi a dar (sempre). Ela pediu desculpas, eu aceitei (sempre). Ela entendeu o que fez e porque eu estava decepcionada. E depois chorou. Eu a abracei.
Sentamos juntas. Conversamos um pouco sobre qualquer coisa. Chegou a hora de dormir e ela foi sem precisar de aviso. De lá me chamou e pediu para a cobrir e para ganhar um beijo. Levou os dois e mais um beijo extra.
A chuva caiu e eu resolvi escrever. Encontrei no teclado do computador uma foto dela com um bilhete de amor. E foi assim, com beijo e coberta, que hoje dorme meu coração de mãe com seu primeiro gancho pendurado.
Sabemos, eu e meu coração, que serão muitos dias como esse. Somos pessoas, estamos na vida e não há como andar e crescer sem ferir ninguém, por mais que tentemos.
Pretendemos, eu e meu coração, transformar em belos brincos e piercings os ganchos que recebermos.
São inevitáveis as decepções, mas o que fazemos com elas é da nossa conta (sempre).
Aquele abraço,
Laura Ferreira
Dei chances, acreditei, confiei e ela me traiu. Olhava para ela e falava cada vez mais alto. Não era apenas a minha voz que se exaltava, meu corpo estava enraivecido. Sentia raiva ao falar, sentia raiva nas minhas mãos.
Eu disse mil vezes que não era para fazer, ensinei e construí novos jeitos de realizar. Era assim no amor eu pensava. Pensava, no passado. Agora me sentia tola, enganada, idiota.
Senti por alguns instantes que meu coração batia sem o amor de sempre. Foi estranho. Foi doloroso. Nunca havia sentido meu coração tocar daquele modo.
Gritei. Falei. Calei.
De tempos em tempos ela vinha. Puxava assuntos, falava da vida, das coisas do mundo. Eu respondia às vezes, estava sofrendo. Estava decepcionada com ela pela primeira vez. Eu não sabia como era sentir isso no meio de tanto amor.
É uma dor estranha, meio do lado do coração, entende?
Passei uma tarde toda sentindo e tentando entender isso. Não cabia dor no coração, porque meu coração é dela e transborda de amor. A dor que veio ficou meio pendurada, como um gancho, que furou um pedacinho e fica doendo, e doendo e doendo.
É claro que o buraquinho do gancho é muito menor que o amor todo, mas o gancho dói. O amor não. Amor não dói. Dizem que amor cura as coisas. Bem, eu digo também: amor cura, tem que curar.
E foi assim, com o amor do coração começando a cicatrizar as dores, que me abri para um abraço.
Não era um abraço como todos os outros, era um abraço de cicatrização. Foi um abraço mais difícil que os de ontem ou da semana passada. Esse abraço precisou ser mais cuidadoso, ser melhor e maior, pois precisava acomodar não só o amor de sempre, mas também um coração machucado que começava a cicatrizar.
Ela veio como quem sabia exatamente o que estava fazendo. Abraçou grande, com carinho e cuidado, acomodou a cabeça no meu colo devagar e ficou escutando meu coração cicatrizar. Ficou ali um tempo. Chorou. Eu chorei. Ficamos um tempo ali, nem sei quanto.
Terminamos o abraço e nos olhamos nos olhos. Lembramos que estamos para sempre juntas e que podemos sempre consertar as coisas.
Combinamos ajustes. Ela pediu ajuda, eu me comprometi a dar (sempre). Ela pediu desculpas, eu aceitei (sempre). Ela entendeu o que fez e porque eu estava decepcionada. E depois chorou. Eu a abracei.
Sentamos juntas. Conversamos um pouco sobre qualquer coisa. Chegou a hora de dormir e ela foi sem precisar de aviso. De lá me chamou e pediu para a cobrir e para ganhar um beijo. Levou os dois e mais um beijo extra.
A chuva caiu e eu resolvi escrever. Encontrei no teclado do computador uma foto dela com um bilhete de amor. E foi assim, com beijo e coberta, que hoje dorme meu coração de mãe com seu primeiro gancho pendurado.
Sabemos, eu e meu coração, que serão muitos dias como esse. Somos pessoas, estamos na vida e não há como andar e crescer sem ferir ninguém, por mais que tentemos.
Pretendemos, eu e meu coração, transformar em belos brincos e piercings os ganchos que recebermos.
São inevitáveis as decepções, mas o que fazemos com elas é da nossa conta (sempre).
Aquele abraço,
Laura Ferreira
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