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Mostrando postagens de dezembro, 2016

Curte, comenta e compartilha

Vivemos em um tempo no qual estar monitorado, observado, postado e compartilhado é um fato cotidiano. Fotos, vídeos, postagens, palavras e sentimentos se espalham pelas redes sociais cada vez mais, do modo que se replicam cada vez menos no plano real. No plano virtual temos pensamentos positivos e grandiosos, fotos com olhos brilhantes e efeitos vintage, sorrisos e histórias graciosas de nossos filhos lindos e cheios de charme. Comparilhamos autores e seus  (possíveis) dizeres reflexivos. Passado o compartilhar nosso de cada dia, o que somos nós? Por quantos segundo somos de fato atravessados por aqueles sentimentos que compartilhamos? Observo nas apresentações escolares que é enorme (praticamente absoluta) a quantidade de mães e pais a filmar e fotografar aquele evento. Penso se aqueles pais e mães realmente conseguem ver o que está acontecendo, se conseguem permitir-se tocar, sentir aquele momento, enquanto equilibram suas câmeras na posição correta e sem poder treme...

Modernos, modernices e super geniais

Meu pai tinha ótimas histórias e uma das minhas favoritas era sobre ele, a televisão e sua avó Julieta. Lá pelo início dos anos 70, contava meu pai, que quando chegava em casa, sua avó (uma senhora nascida em 1899) fazia uma grande festa: “-Ai, que bom que você chegou! Só você para conseguir fazer esse televisor funcionar direito!”. E lá ia meu pai colocar esponja de aço na antena e celofane colorido na tela. Minha bisa então olhava para ele cheia de orgulho pensando em como ele era incrível de saber mexer naquela engenhoca tão moderna. Anos depois, lá pelos anos 90, meu pai chamava por mim e minha irmã para programar as gravações no impossível videocassete. Mais alguns anos, celulares e computadores teimavam em desafiar a capacidade de ajustes tecnológicos de meu pai.  E a cada vez que isso acontecia, ele repetia a história dele, sua avó e o televisor e dizia sorridente e em tom irônico: “-E pensar que um dia eu fui a pessoa mais moderna da minha casa!” Agora, nos anos de 2010...

Recalculando a rota

No cotidiano exercício da maternidade/ paternidade não nos damos conta que estamos construindo uma relação eterna com outro ser. Amor está no centro da maioria das relações, mas o estranhamento também é um companheiro fiel desta caminhada rumo à eternidade. Os pequenos crescem rápido. Em dois anos já dizem não, em seis escrevem e leem as palavras, aos nove discordam de nossas verdades, aos doze adoram os amigos tanto quanto a nós, aos dezesseis amam a um outro ser mais do que poderíamos imaginar ser possível, aos dezoito passam dias e noites por ali e acolá, enquanto esperamos por aqui e pensamos: Foi tudo tão rápido! Tudo parece muito automático no dia-a-dia e muitas vezes não percebemos que nossas atitudes diante dos pequenos e do mundo estão construindo a forma como manteremos em esta relação ao longo dos anos, o nosso próprio “felizes para sempre”. Refletir em como desejamos nos relacionar com os pequenos quando eles forem maiores e maiores é um bom termômetro para pen...

Um, dois, três, muitos

Um dia um amigo que viveu por uns tempos com os índios me contou sobre o idioma de uma das aldeias e fiquei encantada.  Dizia ele que para contagens a tribo usava 1, 2, 3 e muitos. Sim, passado de três eram muitos. A mesma lógica era usada para as palavras, que em uma série de representação usava-se a mesma, como vermelho, sol e outras coisas que não me lembro mais. Eu sempre fiquei encantada com essa história que coloca a simplicidade como figura principal na conversa. Gastamos tanto tempo rebuscando as coisas que pensamos e acabamos muitas vezes sem conseguir dizer. Falamos, falamos, falamos, e vamos nos afastando do que desejávamos realmente dizer. Gastamos centenas de palavras e não conseguimos dizer que estamos tristes, que desejamos tal coisa, que queremos aquilo, que precisamos daquilo outro. Simplicidade nas palavras, no encontro, nas brincadeiras, no programa que fazemos. O passeio na praça, olhar a lua, apontar estrela e fazer pedido, comer...